sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Rendas I


Sempre vivi rodeada de mãos de fada, a minha mãe, apesar de toda a vida ter sido empregada de escritório, sempre costurou, bordou ,tricotou à mão e à máquina e fez croché com grande perfeccionismo, por sua vez a minha avó fazia para venda no comércio local e para senhoras que lhe pediam,foram colchas, jogos de naperons babetes, botas, pegas, sacos para sabonetes,toalhas,etc. enfim uma parafrenália de modelos.Quase cega pelas cataratas ainda fazia croché lindamente, só deixou de o fazer, depois de operada às mesmas e por ordem do médico.

São imensos os naperons, toalhas, colchas e peças várias que possuo, umas feitas para mim outras herdadas.


( como pode ver-se pelos riscos esta foi minha companhia há muitos anos! )


Toda a vida vivi rodeada de caixas de linhas de várias cores e espessuras, foram várias as tentativas que elas fizeram para me pôr a agulha na mão, mas como sou filha da década de 60 onde a emancipação da mulher, implicava rejeitar algumas tradições a minha experiência com a agulha de croché ficou-se por um naperon de buraco e cheio feito com dez anos, depois disso nunca mais.



Hoje depois de ver estas tradições a renascerem em força, pelas mãos de jovens da idade dos meus filhos, lamento ter perdido a oportunidade de aprender com quem tanto sabia.


Resta-me a sogra, que ainda faz,só não sei se o meu ortopedista achará muita graça quando lá for queixar-me que me dói a mão e que tendo os tendões novamente inflamados a minha rhizartrose não gosta de fazer croché.



O que aqui mostro são amostras que a minha mãe e avó copiavam de revistas, de trabalhos de amigas e algumas de trabalhos expostos em lojas.
Lembro-me perfeitamente de ir ver as montras à Rua de Stº António ( a Rua das lojas na baixa de Faro) com a minha mãe e avó e quando elas descobriam algum modelo novo, lá voltarem munidas de agulha e linha e à distância tirarem o modelo, tudo com o máximo de descrição, uma encobria a outra e eu avisava quando alguém se aproximava.Tudo isto no tempo em que as revistas eram escassas e muito caras, embora mesmo assim tenha uma colecção enorme delas.



Estão quase todas guardadas , durante anos usei naperons de renda nos armários cá de casa, até os lençóis de linho bordados do enxoval das minhas avós usei, mas dão tanto trabalho a passar a ferro que tenho reduzido o seu uso ao mínimo, embora algumas peças ainda continuem a ser usadas.

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